Dar atenção é dar esperança

Setembro Amarelo — você pode ser o melhor remédio para alguém que precisa ser ouvido. Às vezes, quem sofre não precisa de respostas prontas, conselhos rápidos ou correções. Precisa de atenção genuína. Ouvir com presença reduz a sensação de isolamento, valida a dor e abre espaço para que a pessoa organize pensamentos e procure ajuda com mais segurança. Em setembro — e em todos os meses — a prevenção começa antes do consultório, na forma como nos relacionamos. Como ouvir, na prática. Escolha um local tranquilo, silencie o celular e deixe claro que você está disponível: “Estou aqui para te escutar”. Use perguntas abertas (“Como tem sido seus dias?”), acolha pausas e respeite o silêncio — ele também comunica. Nomeie a emoção sem julgar (“Entendo que isso pareça pesado”). Evite interromper para “consertar” a situação; o objetivo não é resolver em cinco minutos, mas criar um espaço seguro. Frases simples ajudam:
  • “Quero entender melhor. Pode me contar com calma?”
  • “Obrigado por confiar em mim.”
  • “O que te ajudaria hoje?”
O que evitar. Comparar dores (“tem gente em situação pior”), spiritualizar ou relativizar o sofrimento, transformar a conversa em debate, apressar a pessoa com otimismo vazio (“vai passar”) ou dar sermões. Não minimize (“isso é frescura”), não mude de assunto por desconforto e não prometa sigilo se houver risco — segurança vem primeiro. Sinais de alerta que pedem atenção redobrada. Mudanças bruscas de humor e comportamento, isolamento, frases de desesperança (“não aguento mais”), despedidas incomuns, distribuição de pertences, aumento do uso de álcool/drogas, pesquisa sobre métodos de autoagressão. Diante desses sinais, pergunte com clareza e cuidado: “Você tem pensado em se machucar ou em tirar a própria vida?” Falar diretamente não incentiva a ideia; ao contrário, oferece uma saída para pedir ajuda. Se houver risco imediato. Não deixe a pessoa sozinha, retire meios letais do alcance e busque apoio: acione o SAMU 192 ou leve até um serviço de urgência. Para apoio emocional 24 h, contate o CVV — 188 (ligação gratuita), chat ou e-mail. Combine próximos passos (“posso te acompanhar na consulta?”) e ofereça presença real, não apenas “me chama quando quiser”. Valorize pequenos progressos: sair de casa, tomar um banho, responder uma mensagem — são passos que merecem reconhecimento. Como transformar presença em rede. A escuta ativa é o início; a continuidade vem com a rede de apoio (família, amigos, escola/trabalho) e acompanhamento profissional (psicologia e psiquiatria). Ajude a marcar a primeira conversa, organize horários, verifique transporte — reduzir barreiras práticas costuma ser tão importante quanto o incentivo. Cuidar da saúde mental é um compromisso de todos nós. Se você ou alguém que você conhece precisa de apoio, ligue 188 (CVV) agora. Para orientações com especialistas, agende uma conversa pelos nossos canais oficiais.

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